O ceticismo é uma abordagem filosófica que se caracteriza pela dúvida e pela busca incessante por evidências antes de aceitar qualquer afirmação como verdadeira. Os céticos questionam a possibilidade de se alcançar um conhecimento absoluto ou certeza, sugerindo que a verdade é frequentemente incerta e sujeita à interpretação. Eles acreditavam que, como nada pode ser conhecido com certeza, o melhor a fazer é suspender o julgamento e viver com tranquilidade. Para os céticos, a busca pelo conhecimento deve ser acompanhada de uma atitude crítica e cuidadosa, sem a presunção de que sabemos tudo ou que podemos chegar a verdades absolutas.
Atualmente, o ceticismo é uma postura crítica e analítica, amplamente aplicada em diferentes áreas. Os cientistas, por exemplo, adotam uma abordagem cética ao testar hipóteses e teorias, exigindo evidências concretas e verificáveis antes de aceitar afirmações como verdadeiras.
O empirismo é uma corrente filosófica que afirma que todo conhecimento humano deriva da experiência sensível . Valoriza os sentidos, a observação e a experimentação como caminhos para conhecer o mundo.
Para John Locke (1632 - 1704) a mente humana ao nascer é como uma tábula rasa — uma folha em branco. Não existem ideias inatas; tudo o que sabemos vem da experiência externa (sensações) e da reflexão interna (a maneira como pensamos sobre nossas experiências). Ele acreditava que o conhecimento se constrói aos poucos, por meio da percepção do mundo e da comparação entre ideias.
O empirismo também teve impacto fora da filosofia, especialmente nas ciências naturais, incentivando a valorização da observação, coleta de dados e experimentação sistemática . Sua influência pode ser vista nos métodos científicos modernos, onde a teoria deve estar sempre fundamentada na evidência empírica.
O termo pós-verdade se refere a um contexto em que os fatos objetivos têm menos influência na formação da opinião pública do que apelos à emoção e crenças pessoais. Nesse cenário, a verdade deixa de ser o principal critério para determinar o valor de uma informação, sendo substituída por aquilo que reforça convicções já existentes ou gera reações emocionais fortes.
Na era da pós-verdade, os meios de comunicação e as plataformas digitais passaram a funcionar como espaços em que diferentes "verdades" convivem, muitas vezes sem base em evidências. As pessoas tendem a consumir informações que confirmam seus pontos de vista e a rejeitar dados que os contradizem, fenômeno conhecido como viés de confirmação.
Como o avanço da cultura da pós-verdade desafia os princípios do ceticismo filosófico e do empirismo, que exigem dúvida metódica e comprovação por meio da experiência?
Questão 1
ENEM - 2020Adão, ainda que supuséssemos que suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o início, não poderia ter inferido da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da luminosidade e calor do fogo que este poderia consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele provirão, e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxilio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano São Paulo: Unesp. 2003.
Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano?Questão 2
ENEM PPL - 2019A ciência ativa rompe com a separação antiga entre a ciência (episteme), o saber teórico, e a técnica (techne), o saber aplicado, integrando ciência e técnica. Do ponto de vista da ideia de ciência, a valorização da observação e do método experimental opõe a ciência ativa à ciência contemplativa dos antigos; assim também, a utilização da matemática como linguagem da física, proposta por Galileu sob inspiração platônica e pitagórica, e contrária à concepção aristotélica.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano São Paulo: Unesp. 2003.
Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano?Questão 3
ENEM - 2016Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto, e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade, que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.
LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.
O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:Questão 4
UFSJ - 2011Sobre o ceticismo, é CORRETO afirmar que
Questão 5
UFPR - 2008Todos sabem que o cético duvida de tudo. E todos sabem que duvidar de tudo não tem sentido: as idéias céticas podem ser sedutoras, mas dizer que não sabemos nada, que não temos certeza de nada é algo exagerado, absurdo e auto-refutável. O ceticismo, usualmente, é tido como algo negativo, enquanto na filosofia, freqüentemente é descrito como uma posição que deve ser desafiada, enfrentada e vencida. Essa atitude negativa que se atribui ao filósofo cético, porém, não é mais que um aspecto incidental e parcial do ceticismo. Na verdade, tal dúvida universal é inventada por filósofos modernos. Por isso, muitos autores que lidam com a questão cética são responsáveis pela difusão de uma imagem do ceticismo que não faz plena justiça à tradição intelectual que lhe deu origem. Oswaldo Porchat, um dos mais importantes filósofos brasileiros, já disse que a filosofia moderna e contemporânea costuma recorrer a "caricatas figurações" da filosofia cética: "cada filósofo fabrica seu inimigo cético particular e atribui-lhe esdrúxulas doutrinas ad hoc forjadas de modo que melhor sejam refutadas". Quando nos defrontamos diretamente com os escritos e as idéias dos céticos, em especial dos céticos gregos antigos que sobreviveram ao tempo, encontramos uma imagem surpreendentemente rica e interessante do ceticismo, bem como uma maneira peculiar de questionar as doutrinas filosóficas. Há, assim, uma diferença crucial entre o cético moderno e o cético antigo. O primeiro lança uma dúvida radical sobre todos os domínios do conhecimento. Lembremo-nos, por exemplo, dos cenários onde são traçados os argumentos do sonho e do gênio maligno nas Meditações de Descartes: tenho o pensamento de que estou aqui, neste momento, sentado nesta cadeira, segurando uma folha de papel, mas posso estar sonhando ou sendo enganado por um deus poderoso. Por essa razão, uma questão central da epistemologia moderna é a seguinte: já que um pensamento que eu tomo como verdadeiro pode ser falso ou ilusório, o que deve ocorrer a um pensamento para lhe conferir a qualidade de conhecimento? O cético antigo, por sua vez, não supõe que todas as nossas crenças são ou podem ser simultaneamente falsas. A postura dubitativa do cético é ainda mais radical, pois a sua questão cética central não seria "é possível conhecer?" ou "como conhecemos?", mas a pergunta mais fundamental: "temos alguma razão para acreditar?" [...]
(SILVA FILHO, Waldomiro José da. Cult n. 116, ago. 2007.)
Segundo o texto, qual é a principal diferença entre o ceticismo antigo e o moderno? :Questão 6
ENEM - 2015Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que