O hedonismo é uma doutrina filosófica que coloca o prazer como o bem supremo da vida humana. A palavra vem do grego "hēdonē", que significa prazer. Para os hedonistas, a busca pelo prazer e a evitação da dor são os principais motores da ação humana e o critério para avaliar se uma vida é boa ou não.
As origens do hedonismo remontam à Grécia Antiga, com destaque para o filósofo Aristipo de Cirene, discípulo de Sócrates, que defendia uma forma de hedonismo centrada no prazer imediato e nos prazeres físicos como fonte de felicidade. Essa vertente ficou conhecida como hedonismo cirenaico.
Apesar de frequentemente associado à busca desenfreada por prazeres sensoriais, o verdadeiro hedonismo filosófico envolve uma reflexão ética sobre como viver bem e alcançar satisfação de forma equilibrada. Em diferentes formas, ele continua sendo tema de debates contemporâneos sobre consumo, bem-estar e felicidade.
O epicurismo é uma doutrina filosófica fundada por Epicuro de Samos (341–270 a.C.), que propunha uma vida voltada para a busca da felicidade por meio do prazer — mas não qualquer prazer, e sim aquele que leva à tranquilidade da alma e à ausência de dor (aponia). O prazer, para Epicuro, é o princípio e fim da vida feliz, desde que seja moderado, consciente e livre de perturbações.
Diferente do hedonismo vulgar, que valoriza prazeres intensos e imediatos, Epicuro defendia o prazer racional, ou seja, a capacidade de escolher prazeres simples e duradouros, evitando excessos que levam à dor futura. A amizade, o conhecimento e a vida simples são os pilares de uma existência feliz e equilibrada.
O epicurismo teve grande influência no mundo antigo e ressurgiu com força no Renascimento e na Modernidade, inspirando visões de mundo que valorizam o bem-estar, a autonomia do indivíduo e a liberdade interior. Embora muitas vezes mal compreendido como um convite à vida desregrada, o verdadeiro epicurismo é, na verdade, uma filosofia da moderação e da sabedoria prática.
O estoicismo é uma filosofia prática que surgiu na Grécia Antiga, por volta do século III a.C., com o filósofo Zenão de Cítio. Mais tarde, foi desenvolvida por pensadores romanos como Sêneca, Epicteto e o imperador Marco Aurélio. Seu principal objetivo é ensinar as pessoas a viverem bem, com serenidade, virtude e equilíbrio, mesmo diante das dificuldades da vida.
Essa é uma das ideias mais importantes do estoicismo. Devemos concentrar nossas energias no que está ao nosso alcance — nossas ações, decisões e atitudes — e aceitar com tranquilidade aquilo que não depende de nós, como o clima, as opiniões alheias ou acontecimentos inesperados.
Os estóicos acreditavam que a razão é a característica mais elevada do ser humano. Por isso, viver bem significa agir com sabedoria, seguindo a razão e respeitando a natureza das coisas, inclusive a nossa própria natureza como seres racionais e sociais.
Para os estóicos, a verdadeira felicidade (ou eudaimonia) não está nos bens materiais ou nas emoções passageiras, mas na prática das virtudes: coragem, justiça, sabedoria e autocontrole. Viver virtuosamente é o único caminho para uma vida plena.
O estoicismo ensina que devemos acolher com aceitação — e até amor — tudo o que acontece conosco, mesmo as coisas difíceis ou dolorosas. Essa atitude, chamada de amor fati (amor ao destino), nos ajuda a manter a calma diante dos desafios e a encontrar sentido mesmo nas adversidades.
Na sociedade capitalista e pós-moderna, os ideais de consumo, velocidade, produtividade e individualismo se tornaram centrais. As pessoas são incentivadas a buscar prazer constante, satisfação imediata e autoafirmação por meio do consumo de bens, experiências e imagens. Esse cenário resgata, de maneira distorcida, alguns elementos do hedonismo filosófico, mas esvaziando seu conteúdo ético e reflexivo.
A lógica do mercado incentiva o hedonismo vulgar, ou seja, a busca incessante por prazeres intensos, imediatos e frequentemente superficiais — como o consumo exagerado de produtos, experiências de luxo, popularidade nas redes sociais ou culto ao corpo. Isso gera uma sociedade orientada pela lógica do ter e não do ser, como apontam autores como Zygmunt Bauman (com o conceito de "modernidade líquida").
Essa busca contínua pelo prazer e pela novidade cria ansiedade, insatisfação crônica e frustração, pois o desejo nunca é plenamente saciado. O que era novidade ontem, hoje já está obsoleto. O prazer vira mercadoria, e a felicidade é vendida como algo acessível apenas por meio do consumo.
Autores como Bauman, Lipovetsky e Gilles Deleuze destacam que a modernidade trouxe grandes avanços, mas também promoveu uma fragmentação do sujeito, uma supervalorização do indivíduo competitivo e uma globalização que padroniza desejos e culturas.
O resultado é uma cultura da performance e do esgotamento. Mesmo os prazeres são vividos como obrigações: ser feliz, ser produtivo, ser desejado.
Questão 1
ENEM 2014Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fimQuestão 2
A cada 10 famílias brasileiras, 8 têm dívidas. Essa tem sido a taxa média de endividamento das famílias, medida pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O endividamento no Brasil representa um ponto de atenção para a economia. Quando aumenta o endividamento da população, crescem também os riscos dos bancos e o custo do crédito.
Fonte: https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online/blog/endividamento-no-brasil/
De acordo com o texto apresentado julgue os itens corretos a seguir:
I. O alto índice de endividamento das famílias brasileiras, como
apontado na matéria, não pode ser interpretado como uma consequência
direta da lógica de consumo desenfreado presente na sociedade
capitalista.
II. A busca constante por coisas materiais e a maneira como as
pessoas são tratadas apenas como consumidoras contribuem para as
dívidas e a perda da humanidade na sociedade capitalista.
Questão 3
ENEM 2018A quem não basta pouco, nada basta
EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985
Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:Questão 4
ENEM 2018XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restituí”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria.
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é: