Aula 6

2º Trimestre

2º ano

Sociologia

Tema: Precariado de Standing, a sociedade do Cansaço de Byung-Chul e o "ócio criativo" de De Masi

Tópicos para Leitura/Estudo para Prova

O conceito de precariado para Guy Standing (1948)

Guy Standing introduziu o conceito de precariado para descrever uma nova classe social emergente marcada pela insegurança no trabalho, instabilidade de renda e falta de direitos sociais e trabalhistas . Diferente do proletariado tradicional, o precariado vive sob contratos temporários, "bicos", trabalho por demanda (como os de aplicativos) e sem garantias de estabilidade, proteção ou identidade profissional.

Standing alerta que o crescimento do precariado é resultado das transformações do capitalismo global, especialmente com o avanço do neoliberalismo, a flexibilização das leis trabalhistas e a desvalorização dos sindicatos. Essa condição gera efeitos profundos, como ansiedade constante, perda de propósito e exclusão política.

O "ócio criativo" de Domenico De Masi (1938 - 2023)

Domenico De Masi, sociólogo italiano, ficou conhecido por desenvolver o conceito de "ócio criativo", que propõe uma nova relação entre trabalho, lazer e aprendizado. Para ele, a sociedade contemporânea, especialmente a pós-industrial, precisa repensar a rigidez da jornada de trabalho tradicional.

Em sua análise, o avanço tecnológico e a automação deveriam permitir que as pessoas trabalhassem menos horas, com mais qualidade de vida e espaço para atividades intelectuais, culturais e afetivas. O "ócio criativo" seria o tempo em que o indivíduo pode combinar prazer, reflexão e produtividade de forma livre e significativa.

De Masi critica o modelo de produtividade baseado na repetição e no excesso de trabalho, afirmando que ele não é mais compatível com as necessidades da sociedade da informação. Em vez disso, defende uma nova cultura do trabalho que valorize a criatividade, a cooperação e a autonomia.

Suas ideias apontam para a importância de integrar trabalho e vida pessoal, tornando o cotidiano mais leve, inovador e humano.

Byung-Chul Han (1959)

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han analisa como o trabalho e a vida contemporânea são marcados por um novo tipo de dominação: a autoexploração. Segundo ele, vivemos numa "sociedade do desempenho", na qual as pessoas não são mais oprimidas por um "senhor externo", mas se tornam exploradoras de si mesmas ao buscar produtividade, sucesso e felicidade a qualquer custo.

Nessa lógica, o trabalhador moderno é incentivado a ser proativo, multitarefa e sempre disponível, internalizando a ideia de que precisa se superar constantemente. Isso leva a um aumento de doenças como depressão, ansiedade, burnout e um sentimento de esgotamento profundo. Para Han, esse modelo cria sujeitos que acreditam ser livres, mas que na verdade vivem sob uma pressão invisível de autovigilância e desempenho.

Em obras como A Sociedade do Cansaço, Han propõe uma crítica à positividade excessiva e à cultura da produtividade. Para ele, é preciso resgatar o silêncio, a contemplação e os espaços de não-produção como formas de resistência ao ritmo acelerado e desumanizante da vida atual.

Questões para fazer em aula - vale 1,0 ponto da avaliação de caderno

NÃO COPIAR as perguntas

QUESTÃO 1

"Trabalhadores de aplicativos representam uma parcela crescente do precariado. Eles desempenham funções essenciais para a economia contemporânea, mas frequentemente enfrentam condições de trabalho precárias: jornadas imprevisíveis, baixa remuneração e a ausência de direitos trabalhistas como férias remuneradas e previdência social. Embora a tecnologia tenha permitido novas formas de emprego, também contribuiu para a intensificação da precarização. Muitos desses trabalhadores relatam ansiedade constante devido à instabilidade de renda e à dependência de avaliações de clientes, que impactam diretamente suas oportunidades de trabalho."

Com base no texto e na análise de Guy Standing, discuta como o modelo de trabalho dos aplicativos contribui para a expansão do precariado. Em sua resposta, destaque os desafios enfrentados por esses trabalhadores, incluindo a precarização das condições de trabalho, a falta de proteção social e os impactos na saúde mental e na estabilidade econômica.
QUESTÃO 2

Os pensadores Domenico De Masi e Byung-Chul Han oferecem perspectivas distintas sobre o impacto do trabalho na sociedade contemporânea. Enquanto De Masi propõe o "ócio criativo" como uma alternativa ao excesso de trabalho, Han critica a "sociedade do cansaço" como resultado da autoexploração e da pressão pela produtividade. Com base nessas ideias, analise as afirmativas abaixo e selecione a alternativa correta:

  1. Ambos os autores reconhecem o impacto negativo do excesso de trabalho na saúde mental e na criatividade, mas De Masi enfatiza uma integração equilibrada entre trabalho, lazer e aprendizado, enquanto Han foca na crítica à internalização das exigências produtivas.
  2. Para De Masi, o avanço tecnológico deveria permitir uma redução das jornadas de trabalho, enquanto Han argumenta que a tecnologia intensifica a autoexploração e contribui para a "sociedade do cansaço".
  3. Tanto De Masi quanto Han propõem soluções práticas e detalhadas para reduzir o excesso de trabalho e promover uma vida mais equilibrada.
  4. A ideia de "ócio criativo" proposta por De Masi contrasta com a visão pessimista de Han, que entende a sociedade contemporânea como incapaz de superar a lógica da autoexploração.
  1. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
  2. Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
  3. Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
  4. Todas as afirmativas estão corretas.

Questões para fazer em casa - vale 1,0 ponto da avaliação de caderno

NÃO COPIAR as perguntas

QUESTÃO 1

"Para Byung-Chul Han, a sociedade atual é caracterizada pela pressão incessante pela produtividade e pelo desempenho. Diferentemente das sociedades disciplinares do passado, o indivíduo moderno internaliza as exigências do trabalho e se transforma em seu próprio explorador. Essa autoexploração gera altos níveis de exaustão, ansiedade e isolamento, criando uma sociedade do cansaço. Segundo Han, o excesso de trabalho, combinado à falta de tempo livre para reflexão e descanso, não apenas prejudica a saúde física e mental, mas também limita a criatividade e a capacidade de experimentar a verdadeira liberdade."

Com base no texto e nas ideias de Byung-Chul Han, analise como o excesso de trabalho e a autoexploração caracterizam a "sociedade do cansaço". Discuta os impactos desse modelo na saúde mental dos indivíduos e na capacidade de desfrutar de tempo livre de forma significativa.
QUESTÃO 2

"A sociedade contemporânea é marcada por uma contradição: enquanto os avanços tecnológicos e a automação prometem reduzir as horas de trabalho, muitos trabalhadores enfrentam jornadas cada vez mais longas e intensas. Domenico De Masi argumenta que o excesso de trabalho não apenas compromete a qualidade de vida, mas também inibe a criatividade e a inovação. Ele propõe o 'ócio criativo' como uma alternativa, destacando a necessidade de integrar trabalho, lazer e aprendizado para construir uma vida mais equilibrada e produtiva."

Com base no texto e nas ideias de Domenico De Masi, analise como o excesso de trabalho impacta a qualidade de vida e a criatividade nas sociedades contemporâneas. Discuta, ainda, como o "ócio criativo" pode ser uma resposta às demandas por uma maior integração entre trabalho e tempo livre, especialmente em um contexto de avanços tecnológicos.