Guy Standing introduziu o conceito de precariado para descrever uma nova classe social emergente marcada pela insegurança no trabalho, instabilidade de renda e falta de direitos sociais e trabalhistas . Diferente do proletariado tradicional, o precariado vive sob contratos temporários, "bicos", trabalho por demanda (como os de aplicativos) e sem garantias de estabilidade, proteção ou identidade profissional.
Standing alerta que o crescimento do precariado é resultado das transformações do capitalismo global, especialmente com o avanço do neoliberalismo, a flexibilização das leis trabalhistas e a desvalorização dos sindicatos. Essa condição gera efeitos profundos, como ansiedade constante, perda de propósito e exclusão política.
Domenico De Masi, sociólogo italiano, ficou conhecido por desenvolver o conceito de "ócio criativo", que propõe uma nova relação entre trabalho, lazer e aprendizado. Para ele, a sociedade contemporânea, especialmente a pós-industrial, precisa repensar a rigidez da jornada de trabalho tradicional.
Em sua análise, o avanço tecnológico e a automação deveriam permitir que as pessoas trabalhassem menos horas, com mais qualidade de vida e espaço para atividades intelectuais, culturais e afetivas. O "ócio criativo" seria o tempo em que o indivíduo pode combinar prazer, reflexão e produtividade de forma livre e significativa.
De Masi critica o modelo de produtividade baseado na repetição e no excesso de trabalho, afirmando que ele não é mais compatível com as necessidades da sociedade da informação. Em vez disso, defende uma nova cultura do trabalho que valorize a criatividade, a cooperação e a autonomia.
Suas ideias apontam para a importância de integrar trabalho e vida pessoal, tornando o cotidiano mais leve, inovador e humano.
O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han analisa como o trabalho e a vida contemporânea são marcados por um novo tipo de dominação: a autoexploração. Segundo ele, vivemos numa "sociedade do desempenho", na qual as pessoas não são mais oprimidas por um "senhor externo", mas se tornam exploradoras de si mesmas ao buscar produtividade, sucesso e felicidade a qualquer custo.
Nessa lógica, o trabalhador moderno é incentivado a ser proativo, multitarefa e sempre disponível, internalizando a ideia de que precisa se superar constantemente. Isso leva a um aumento de doenças como depressão, ansiedade, burnout e um sentimento de esgotamento profundo. Para Han, esse modelo cria sujeitos que acreditam ser livres, mas que na verdade vivem sob uma pressão invisível de autovigilância e desempenho.
Em obras como A Sociedade do Cansaço, Han propõe uma crítica à positividade excessiva e à cultura da produtividade. Para ele, é preciso resgatar o silêncio, a contemplação e os espaços de não-produção como formas de resistência ao ritmo acelerado e desumanizante da vida atual.
"Trabalhadores de aplicativos representam uma parcela crescente do precariado. Eles desempenham funções essenciais para a economia contemporânea, mas frequentemente enfrentam condições de trabalho precárias: jornadas imprevisíveis, baixa remuneração e a ausência de direitos trabalhistas como férias remuneradas e previdência social. Embora a tecnologia tenha permitido novas formas de emprego, também contribuiu para a intensificação da precarização. Muitos desses trabalhadores relatam ansiedade constante devido à instabilidade de renda e à dependência de avaliações de clientes, que impactam diretamente suas oportunidades de trabalho."
Com base no texto e na análise de Guy Standing, discuta como o modelo de trabalho dos aplicativos contribui para a expansão do precariado. Em sua resposta, destaque os desafios enfrentados por esses trabalhadores, incluindo a precarização das condições de trabalho, a falta de proteção social e os impactos na saúde mental e na estabilidade econômica.Os pensadores Domenico De Masi e Byung-Chul Han oferecem perspectivas distintas sobre o impacto do trabalho na sociedade contemporânea. Enquanto De Masi propõe o "ócio criativo" como uma alternativa ao excesso de trabalho, Han critica a "sociedade do cansaço" como resultado da autoexploração e da pressão pela produtividade. Com base nessas ideias, analise as afirmativas abaixo e selecione a alternativa correta:
"Para Byung-Chul Han, a sociedade atual é caracterizada pela pressão incessante pela produtividade e pelo desempenho. Diferentemente das sociedades disciplinares do passado, o indivíduo moderno internaliza as exigências do trabalho e se transforma em seu próprio explorador. Essa autoexploração gera altos níveis de exaustão, ansiedade e isolamento, criando uma sociedade do cansaço. Segundo Han, o excesso de trabalho, combinado à falta de tempo livre para reflexão e descanso, não apenas prejudica a saúde física e mental, mas também limita a criatividade e a capacidade de experimentar a verdadeira liberdade."
Com base no texto e nas ideias de Byung-Chul Han, analise como o excesso de trabalho e a autoexploração caracterizam a "sociedade do cansaço". Discuta os impactos desse modelo na saúde mental dos indivíduos e na capacidade de desfrutar de tempo livre de forma significativa."A sociedade contemporânea é marcada por uma contradição: enquanto os avanços tecnológicos e a automação prometem reduzir as horas de trabalho, muitos trabalhadores enfrentam jornadas cada vez mais longas e intensas. Domenico De Masi argumenta que o excesso de trabalho não apenas compromete a qualidade de vida, mas também inibe a criatividade e a inovação. Ele propõe o 'ócio criativo' como uma alternativa, destacando a necessidade de integrar trabalho, lazer e aprendizado para construir uma vida mais equilibrada e produtiva."
Com base no texto e nas ideias de Domenico De Masi, analise como o excesso de trabalho impacta a qualidade de vida e a criatividade nas sociedades contemporâneas. Discuta, ainda, como o "ócio criativo" pode ser uma resposta às demandas por uma maior integração entre trabalho e tempo livre, especialmente em um contexto de avanços tecnológicos.